quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ter para ser

A sociedade fabrica desejos, fabrica sonhos
Tão vazios quanto os bolsos de quem não "tem"
Numa lógica em que ter é ser, então poder ter, é um ser melhor?
Para ser o que quiser basta ter o que puder
O consumo é tudo e quanto mais se tem, mais se quer
Apenas para ser...


Ora, precisamos mesmo ter para ser?
Se for assim, aceitamos que nada somos
Sendo nada, nada temos
Se nada temos, pouco sabemos

O pobre quer ser, além disso quer ter
O rico tem e crê que por ter, é
Porém ambos podem ser
Podem ser vazios de sonhos
Podem ser mortos de esperança
Ou até entupido de futilidades

Podem ser abarrotados de medos
De medos vazios, surreais
Medo de não ser, de não poder, de não ter
Podem ter vontades simbólicas
Tão inocentes e puras quanto os anjos
Mesmo que não saibam

Mas a fábrica não pára
E fabrica mais e mais sonhos
Quando o mais primitivo dos sonhos é o ser na essência
É buscar o interior sem saber

Homens e mulheres
Adultos e crianças
Pobres e ricos
Buscam ser o que já são
Eles sonham em algum lugar da alma
E lá esses sonhos ficam, acanhados
Mas existem, enfim

Para ser não precisa ter
Pois o ter, no fim é uma mera consequência
Consequência do ser
E ter, em primeira instância, é nada sem o ser
Busque Ser mais a cada dia
Um ser que dispensa o ter
Essa é a coisa mais pura e sensata

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Supostamente eu sei

Às vezes penso que sou um pouco como uma borboleta
Deixo transparecer beleza quando quero
Muitas asas para bater e muitos lugares para ir
Recomponho meus feitos
Reinvento meus momentos
Refaço toda a vida em pensamento
Construo meu castelo que só eu sei onde fica
Só eu conheço
Mesmo assim, muito pouco

Releio meus escritos antigos
Os vejo como reflexo do que já fui
Mas ainda creio que poucas mudanças me acometeram de fato
Ainda tenho o mesmo olhar que acredita na beleza das coisas
Porém, busco manter a sanidade
Sem saber muito bem qual a serventia real dela

Faço festa por coisas já esquecidas
Vejo cor no que deveria ser monocromático
Busco romper com o novo
Sem deixar de lado as inovações

O que eu conheço
Eu propago
Já o que pretendo conhecer
Eu busco
O que eu entendo por razão já não existe
Jamais existiu
O que há é apenas um ensaio do futuro
E tudo tende a se repetir

Entretanto, tendências não são fatos
São só suposições...