domingo, 16 de fevereiro de 2014

Reflexão

O advento da razão, traz a novidade do "eu", centralizando em si, tudo o quanto for capaz. Sábios descreveram a razão como o ponto de partida para um mundo novo. E, em detrimento da fé, inspiram-se os homens, na "defesa da racionalidade" para o advento de tempos modernos. As grandes máquinas do século, os grandes nomes do milênio... tudo tão grande. Tantas novas casas e novos meios de comunicação. Tanta razão... Feliz de quem "encontrou a razão" dentro de si, olhando para os lados, a fim de medi-la com quase ninguém, em certa medida medindo o tempo. Que se fez do tempo, se não domesticá-lo? Que tempo hoje tem tempo para viver racionalmente a vida "moderna"? O homem escraviza suas próprias liberdades, quando não as "infinitiza" com seus tons nada modestos, de aprimorar a realidade, para daí surgir um "mundo novo".
Quanto se fizeram necessárias, ao longo da história, longas mudanças, com longos discursos sobre a razão e racionalidade? Contudo, tal razão "moderna e modernista", se declara suficientemente piedosa, ao ponto de não exigir piedade em seus termos. A mediocridade não é mais um assombro, diante de tantas "necessidades mesquinhas" da qual o novo homem padece. Quem desejar possuir um "oásis", que não procure pelo deserto, pois nas grandes "liquidações de inverno", o oásis sai por um preço bem acessível, enquanto os desertos são transformados em grandes ilhas.
O que se esquece de mencionar, é o vazio que tais ilhas possuem. Ilhas desertas, com solo arenoso que não dá fruto. Ilhas que venderam seus oásis, e hoje, são tão secas que nem a água a seu redor é capaz de frear o calor refulgente. Para se alcançar tudo, busque antes alcançar o desapego de si, para que tudo o que receber, seja passível de preenchimento do vazio da ilha que se tornam as almas.
Não cabe mais ao homem moderno, a reflexão a cerca de si ou do outro. Os conceitos estão demasiado ultrapassados, para serem compreendidos por qualquer "alfabetizado funcional". A consciência e o imaginário, se fazem incapazes de atribuir ao homem, sentido à vida, pois o deus da "razão" não explica o que é irracional. Por isso, nos "tempos modernos", a modernidade se condena a viver ilhada, sem brilho real, se não somente o brilho aparente, das mentes que pensam e agem à luz de uma "razão sem reflexão".
A busca desesperada de sentido, a Verdade que foge o controle, as marés que inundam os homens ilhados, são pequenas artimanhas de uma "concepção ultrapassada da vida humana", que pretende sozinha explicar o que não tem explicação.
Então, atribui-se à razão, grandes feitos, em detrimento da Verdade. Esta, que "aprisiona o homem por uma série de normas e proibições" precisa ser combatida. Então, abraça-se novos conceitos, novas ideias, novos preceitos, a fim de obstruir a claridade própria da razão. Traveste-se então, a razão de deusa, camuflando sua verdadeira utilidade: meio. A razão é o meio pelo qual se chega o fim, que é sobretudo a Verdade. Sem que haja o verdadeiro sentido, a razão fica escondida e incapaz de expressar-se verdadeiramente, posto tal sentido não pode ser observado, se visto como ponto de chegada. Pois, no limite entre o imanente e o transcendente, se encontra algo que, se observado apenas "de dentro" de uma ilha, sem o conforto  próprio o oásis, não se pode enxergar.


"O Amor explicou cada coisa para mim. O Amor solucionou tudo para mim. É por isso que admiro o Amor, onde quer que O encontre. Se O Amor é tão bom como é simples, se o mais simples desejo pode ser encontrado na nostalgia, então posso compreender por que Deus quer ir ao encontro de pessoas simples. Daqueles cujo o coração é puro e não encontram palavras para expressar seu Amor. Deus chegou tão longe e Ele parou a um pequeno passo do nada. Muito perto de nossos olhos. Talvez a vida seja uma onda de assombro, uma onda maior do que a morte. Não tenham medo, nunca!" (texto do filme "Karol, o homem que se tornou Papa")