sábado, 22 de janeiro de 2011

Transferência: Uma Corte Ibérica no PA-TRO-PI

Embora houvesse a eminência da invasão napoleônica, a vinda da família real não foi de improviso, como muitos acreditam, inclusive já havia sido cogitada diversas outras vezes. Foi uma mudança decorrente de embates políticos na Europa, aos quais Portugal adotou uma política inicialmente isenta de posição. Portugal opta pela neutralidade diante dos conflitos diplomáticos oriundos da disputa de poder: de um lado a Inglaterra e sua superpotência militar e naval, de outro a França de Napoleão Bonaparte e seu anseio por expandir seus domínios e assim dominar o mundo. Brincadeiras à parte, a verdade é que o príncipe regente D. João VI, se viu numa situação onde as opções eram escassas: ou ficava na Europa e se rendia aos devaneios expansionistas de Napoleão, e assim teria sua maior e mais importante colônia invadida pelos ingleses; ou por outro lado mudava-se para o Brasil, crendo-se a fuga ou não, foi a melhor estratégia adotada pela coroa, haja vista a manutenção da tradicional aliança com a Inglaterra e concomitantemente o não rendimento à França.

A tese da fuga pura e simplesmente por "medo" que ridiculariza a coroa portuguesa, foi criada durante a República Velha, na ascensão do Poder Republicano e se agrava na 2ª metade do século XX. Assim foram criados os estigmas da loucura desenfreada de D. Maria, da promiscuidade descabida da família real como um todo, além da fama de bonachão e comedor de frango que ganhou D. João VI. Podemos contestar essas ideias - assim como tudo na história tem brecha para contestações - levando-se em consideração que mesmo após a queda de Napoleão em 1815, a corte permanece no Brasil. Transformando a colônia em sede definitiva do governo, como havia sido cogitado  por D. Luís da Cunha e D. João V, quando surgiu a ideia de substituição do conceito de Reino Ibérico pela noção de Império Ultramarino Lusitano.

A crítica final, é aos estereótipos e estigmas preconceituosos, que levam o povo brasileiro a acreditar que sua história de fato advém de fatos risíveis e carentes de seriedade. A luta para modificar essas ideias é grande, porém não é impossível. O mais próximo que pudermos chegar da realidade, através de pesquisas, embasamento científico e um certo discernimento são ingredientes essenciais para entendermos de onde viemos e para onde iremos, salvo clichês.

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