quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ter para ser

A sociedade fabrica desejos, fabrica sonhos
Tão vazios quanto os bolsos de quem não "tem"
Numa lógica em que ter é ser, então poder ter, é um ser melhor?
Para ser o que quiser basta ter o que puder
O consumo é tudo e quanto mais se tem, mais se quer
Apenas para ser...


Ora, precisamos mesmo ter para ser?
Se for assim, aceitamos que nada somos
Sendo nada, nada temos
Se nada temos, pouco sabemos

O pobre quer ser, além disso quer ter
O rico tem e crê que por ter, é
Porém ambos podem ser
Podem ser vazios de sonhos
Podem ser mortos de esperança
Ou até entupido de futilidades

Podem ser abarrotados de medos
De medos vazios, surreais
Medo de não ser, de não poder, de não ter
Podem ter vontades simbólicas
Tão inocentes e puras quanto os anjos
Mesmo que não saibam

Mas a fábrica não pára
E fabrica mais e mais sonhos
Quando o mais primitivo dos sonhos é o ser na essência
É buscar o interior sem saber

Homens e mulheres
Adultos e crianças
Pobres e ricos
Buscam ser o que já são
Eles sonham em algum lugar da alma
E lá esses sonhos ficam, acanhados
Mas existem, enfim

Para ser não precisa ter
Pois o ter, no fim é uma mera consequência
Consequência do ser
E ter, em primeira instância, é nada sem o ser
Busque Ser mais a cada dia
Um ser que dispensa o ter
Essa é a coisa mais pura e sensata

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