Todos os dias, milhares de pessoas morrem de fome pelo mundo...
Todos os dias, dezenas de milhares de pais de família ficam desempregados pelo mundo...
Todos os dias, a pobreza cresce, o desemprego também... As doenças se alastram, os pobres empobrecem mais, os ricos enriquecem mais...
O aquecimento global só faz crescer, as crianças começam a se drogar cada vez mais cedo...
A televisão só faz aumentar a desigualdade, o desespero dos que não tem, e a ganância dos que podem ter...
Tudo bem, tudo bem... agora paremos pra pensar:
Quantas vezes você já se perguntou o que pode fazer pelo mundo?
Qual a sua relação com a vida? Quem de fato importa pra você?
Essas história de aquecimento global, de crescimento da pobreza, e todo o blá blá blá é muito bonito na teoria...
A cada dia surgem mais de 300 ONGs pra tratar desses assuntos... Mas e você?
Assiste A Fazenda, o Big Brother, a novela das 21h... Tudo isso?
E então qual a sua relação com os problemas do mundo, mesmo?
As pessoas se alienam dos problemas de verdade, e passam a se preocupar com problemas que a mídia impõe...
Datena mostra chacinas, matança de idosos, roubo de crianças, abandono de bebês... Tudo bem que isso é a realidade etc, mas ver e se indignar com isso melhora em que?
A utilidade desses programas, na minha concepção é aumentar ainda mais a incidência desses crimes... Quanto mais a população fica amedrontada, menos vai ter tempo de se importar com o que de fato é relevante...
Convenhamos que a mídia e todos os avançoes tecnológicos, remetem a sociedade a era dos descartáveis...
Pessoas descartáveis, celulares descartáveis, casas descartáveis...
Empurram quilos e quilos de roupas novas, jóias e mais jóias, carros superluxuosos... Tudo isso pra que?
Quem é mais feliz é quem tem mais... As melhores escolas são pra quem pode pagar mais. Óbvio?
Isso é a nossa sociedade... O pobre não tem vez, e já nasce sabendo disso...
Nas favelas, as crianças crescem com aquela ideia e certeza de que não sairão dali... Que serão pobres e servirão aos filhos das patroas de suas mães... Sonhando em ser porteiros, ou garis... A questão não é menosprezar essas profissões, longe disso... É apenas comparar os sonhos de uma criança da favela, com os sonhos de uma criança de classe média...
São todas crianças, queira a sociedade admitir ou não...
Não faço discurso anti-capitalista, muito menos...
Trabalhar com as crianças que eu trabalho, abre a mente de qualquer um que tenha o mínimo de sensibilidade. São crianças maravilhosas, escravizadas pela incerteza do futuro... Amedrontadas pela bandidagem, coagidas pela polícia...
As que tem família presente nas vidas, a gente percebe de cara... Vale lembrar que somando toda a escola, 4 ou 5 se encaixam nesse perfil.
Pais ausentes, pais presentes... Não faz diferença a classe social. A questão está na criação deles, e na criação de oportunidades. De que adianta ter dinheiro e não dar amor ao filho? Existe isso, e muito por aí...
Mas ainda pior, é não ter dinheiro, não dar amor, não dar carinho, e ainda por cima, fazê-lo acreditar que não é ninguém... Já vi muito isso, e a cada dia a minha luta é contra essa certeza incerta que essas crianças tem...
Se eu conseguir fazê-los acreditar que PODEM ser o que QUISEREM, já fico satisfeita...
O dia em que eu não acreditar mais na educação como certeza de um futuro, não só no nosso país, mas em todo o mundo, eu mudo de profissão. Enquanto isso, amo o que faço e faço porque amo.
Espero nunca deixar de acreditar nisso.
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