domingo, 7 de agosto de 2011

O que seria morrer de fome?

Todos os dias, milhares de pessoas morrem de fome pelo mundo...
Todos os dias, dezenas de milhares de pais de família ficam desempregados pelo mundo...
Todos os dias, a pobreza cresce, o desemprego também... As doenças se alastram, os pobres empobrecem mais, os ricos enriquecem mais...
O aquecimento global só faz crescer, as crianças começam a se drogar cada vez mais cedo...
A televisão só faz aumentar a desigualdade, o desespero dos que não tem, e a ganância dos que podem ter...
Tudo bem, tudo bem... agora paremos pra pensar:
Quantas vezes você já se perguntou o que pode fazer pelo mundo?
Qual a sua relação com a vida? Quem de fato importa pra você?
Essas história de aquecimento global, de crescimento da pobreza, e todo o blá blá blá é muito bonito na teoria...
A cada dia surgem mais de 300 ONGs pra tratar desses assuntos... Mas e você? 
Assiste A Fazenda, o Big Brother, a novela das 21h... Tudo isso?
E então qual a sua relação com os problemas do mundo, mesmo?
As pessoas se alienam dos problemas de verdade, e passam a se preocupar com problemas que a mídia impõe...
Datena mostra chacinas, matança de idosos, roubo de crianças, abandono de bebês... Tudo bem que isso é a realidade etc, mas ver e se indignar com isso melhora em que?
A utilidade desses programas, na minha concepção é aumentar ainda mais a incidência desses crimes... Quanto mais a população fica amedrontada, menos vai ter tempo de se importar com o que de fato é relevante...
Convenhamos que a mídia e todos os avançoes tecnológicos, remetem a sociedade a era dos descartáveis...
Pessoas descartáveis, celulares descartáveis, casas descartáveis...
Empurram quilos e quilos de roupas novas, jóias e mais jóias, carros superluxuosos... Tudo isso pra que?
Quem é mais feliz é quem tem mais... As melhores escolas são pra quem pode pagar mais. Óbvio?
Isso é a nossa sociedade... O pobre não tem vez, e já nasce sabendo disso...
Nas favelas, as crianças crescem com aquela ideia e certeza de que não sairão dali... Que serão pobres e servirão aos filhos das patroas de suas mães... Sonhando em ser porteiros, ou garis... A questão não é menosprezar essas profissões, longe disso... É apenas comparar os sonhos de uma criança da favela, com os sonhos de uma criança de classe média...
São todas crianças, queira a sociedade admitir ou não...
Não faço discurso anti-capitalista, muito menos...
Trabalhar com as crianças que eu trabalho, abre a mente de qualquer um que tenha o mínimo de sensibilidade. São crianças maravilhosas, escravizadas pela incerteza do futuro... Amedrontadas pela bandidagem, coagidas pela polícia...
As que tem família presente nas vidas, a gente percebe de cara... Vale lembrar que somando toda a escola, 4 ou 5 se encaixam nesse perfil.
Pais ausentes, pais presentes... Não faz diferença a classe social. A questão está na criação deles, e na criação de oportunidades. De que adianta ter dinheiro e não dar amor ao filho? Existe isso, e muito por aí...
Mas ainda pior, é não ter dinheiro, não dar amor, não dar carinho, e ainda por cima, fazê-lo acreditar que não é ninguém... Já vi muito isso, e a cada dia a minha luta é contra essa certeza incerta que essas crianças tem...
Se eu conseguir fazê-los acreditar que PODEM ser o que QUISEREM, já fico satisfeita...
O dia em que eu não acreditar mais na educação como certeza de um futuro, não só no nosso país, mas em todo o mundo, eu mudo de profissão. Enquanto isso, amo o que faço e faço porque amo.
Espero nunca deixar de acreditar nisso.

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